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Paradoxos de um louco

 

Meia noite... o sol brilha no horizonte... a lua vem surgindo, quadrada como um pandeiro... os elefantes pulam de galho em galho enquanto as vacas em alto mar, pastam na imensa relva seca do oceano.

Enquanto isso, atrás de uma ramagem sem folhas, um cego analfabeto, à luz de um candeeiro apagado, lia um jornal sem letras, de cabeça para baixo, para um surdo ouvir...

Pertinho dali, a 200 quilômetros de distancia, um homem careca, nu com a mão no bolso, penteava sua linda cabeleira com um pente sem dentes.

Ao lado dele, um surdo-mudo sentado em pé, em uma pedra de madeira feita de barro dizia:

“ - A vida é como uma canoa furada, que navega de cabeça para baixo, nas ondas de um poço sem água.”

O cego, ouvindo isto, concordando sem concordar, respondeu calado:

“ – O mundo é uma bola quadrada, que gira parada, à toda velocidade..

Ao mesmo tempo, os passarinhos mugiam enquanto comiam as sementes de grama que nascia no asfalto.

Enquanto isso... à sua direita do lado esquerdo, um jacaré voava nadando lentamente em alta velocidade...

No outro lado da cidade, em um bosque sem árvores, um elefante descansava calmamente apavorado, debaixo da sombra de uma couve-flor sem folhas.

Um menino ancião, sentado numa pedra redonda, quadrada com cinco quinas, dizia calado:

“- Os quatro profetas do antigo testamento, são três, Isaías  e Jeremias.

Dormindo acordado, um mudo, sentado em pé numa pedra de madeira, calado, sem pronunciar uma só palavra, dizia:

“ - O surdo ouviu o mudo dizer, que o cego viu o aleijado correr...”

E eu, ao presenciar tudo isso, fui para casa rapidamente caminhando parado, entrei pela porta da frente que ficava nos fundos, levantei a cabeça e, cabisbaixo, cheguei a minha própria conclusão:

“- Eu prefiro perder a vida, do que morrer um dia...”

(domínio público)

 

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